IMG_7112bFoto: Igor Sperotto/ CDES

Na sexta-feira, dia 25, o Movimento em Defesa do Morro Santa Teresa concedeu uma entrevista coletiva para fazer o contraponto à reportagem publicada pelo jornal Zero Hora no domingo (20) anterior. A reportagem em questão retrata o morro como um lugar de alta periculosidade, ligada diretamente ao tráfico e à violência. Líder comunitária da Vila União, Orlei Maria se queixa, “Eles disseram que todo mundo que mora lá é traficante”. Segundo o representante do Senge, Vinícius Galeazzi, integrante do movimento, a publicação promove a criminalização da pobreza. “A forma como se colocou o nome das vilas é um desserviço aos moradores da comunidade”, considera.

O Movimento em Defesa do Morro Santa Teresa se articula desde 2010 na luta pela regularização fundiária das ocupações, a preservação ambiental do espaço e a ampliação da estrutura da Fase – a quem pertence a área ocupada. O Movimento é formado por lideranças das quatro comunidades do Morro (Vila União, Padre Cacique, Gaúcha e Ecológica) e outras entidades da sociedade civil. O advogado Jacques Alfonsin destaca que através de ações do movimento foi possível estabilizar as comunidades em tamanho, evitando o crescimento delas há quatro anos.

No início de setembro o jovem Ronaldo de Lima foi morto pela Brigada Militar na Vila Gaúcha. Em revolta, os moradores reagiram incendiando dois ônibus e uma lotação. O presidente da Associação de Moradores da Vila Gaúcha, Darci dos Santos, é apreensivo quanto ao episódio, “Eu sou contra essa revolta que teve, mas às vezes tem que ser assim para que o poder público nos veja”. Desde o incidente a BM tem se feito mais presente no morro. As lideranças denunciam abordagens agressivas e sem justificativa a moradores em suas casas, ou quando estão a caminho do trabalho.

A morte de Ronaldo também atraiu a atenção da mídia local. Porém, segundo Júlio Pacheco, outra liderança comunitária, o interesse da imprensa pela violência no Morro é mais antigo. “Esse morador não é o cerne da questão. A ZH há tempos tenta dilapidar um processo que o movimento se esforça para construir”, aponta. Na sequência da reportagem que motivou a organização da coletiva de imprensa, outra matéria foi publicada com o título “O medo volta ao morro”, referindo-se a um tiroteio ocorrido na Vila Cruzeiro no mesmo dia da entrevista, e que resultou em uma morte. Durante a coletiva foi destacado que a Cruzeiro não faz parte do Morro Santa Teresa, e que essa generalização contribui para a construção de uma imagem violenta do Morro.

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